quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Ainda sou Astor

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Ainda bem que consegui te encontrar pessoalmente, não é, Jupira, e ver que essa coisa de desacreditar na vida é mesmo só a linha escrita, porque a entrelinha disso tudo dá um livro branco, uma odisséia, uma forma anti-geométrica, um horizonte mortal, uma dança no meio do mato, uma pintura no rosto, pássaro que limpa os dentes do crocodilo. “Acreditar, eu não. Recomeçar, jamais. A vida foi em frente e você simplesmente não viu que ficou pra trás.” E isso é só a letra de um samba. Onde se sofre com alegria, sacudindo a pélvis.

Não, definitivamente ninguém fica pra trás. Nada fica. Tudo está. Só que eu te entendo perfeitamente. Fico olhando os pobres que ficam esperando tudo caber nos seus sonhos, como dizia o poeta. Veja bem: uma mulher que diz pra eu fazer a barba (só porque tenho fiapos brancos no queixo), diz pra eu tirar determinado objeto do pulso. Fico pensando no que pode vir por aí. Ela quer me inventar. Não seria mais fácil aceitar essa coisa estranha chamada Astor, que só foi chamada de Astor porque mamãe (aquela que não conheci) disse? Ah, “eu sou eu porque o meu cachorrinho me conhece”. Mania que tem de querer transformar tudo. Pior são os que pensam demais. Um carro é uma arma. Um pensamento também. E eu fico vendo essa maravilha de cenário. Um amigo levou um pé na bunda da mulher. Viveu com ela dois anos e agora não consegue decifrar tudo o que foi dito. Está cheio de perguntas sem nenhuma hipótese de respostas. E olha que o calor das hipóteses é tão interessante. (?) Fico de bico aberto com isso. Como não reconhecer ou deslindar umas coisas ditas por uma pessoa que você sabia até a sincronia da respiração? A palavra é esquisita. Juntar palavras é mais esquisito ainda. Falar sobre alma é assustador. Será que é melhor ficar com as coisas mais palpáveis? Tipo as coisas da rotina? Eu tenho a péssima mania de roubar as estranhezas dos outros. E vou me entupindo de charcos dessa mistura de sal e açúcar contida nas lágrimas dos risos e tristezas. Acabei fazendo a barba. Tava me coçando. Não suporto coceira. Mas ando querendo dar “uma coça” em algumas pessoas. Merecem. Podes crer.

Estou indo pra algum lugar, Jupira. Que não sei onde é. Mas estou indo.

Quando eu chegar lá eu te digo onde estou e em que me transformei. Ao menos em uns segundos.

2 comentários:

  1. TUDO BEM,ASTOR?

    PARABÉNS, UM TEXTO ABSOLUTAMENTE PROFISSIONAL, CORRETÍSSIMO E DE ALTÍSSIMO NÍVEL LITERÁRIO.

    SEMPRE QUE LEIO TEXTOS COMO O SEU NA INTERNET, FICO ME PERGUNTANDO: POR QUÊ GENTE COM A SUA COMPETÊNCIA E BRILANTISMO, NÃO ESTÁ NA GRANDE MÍDIA?

    GRANDES MISTÉRIOS!!!

    ESTA SEMANA NO MEU BLOG: “HUMOR EM TEXTO” O TEMA É BASTANTE INSTIGANTE .

    TÍTULO DA CRÔNICA: “O QUE ABUNDA, EVENTUALMENTE ESCASSEIA”.

    É HUMOR SEM PORNOGRAFIA OU PALAVRAS QUE POSSAM FERIR SUA SENSIBILIDADE.

    CONFIRA, POIS SEU COMENTÁRIO É O QUE EXISTE DE MAIS IMPORTANTE NO BLOG.

    ACEITA O CONVITE?

    ESTOU ESPERANDO.

    UM ABRAÇÃO CARIOCA.

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  2. Obrigado pela visita, Paulo. Vou passar por lá também. Um abraço do

    Astor.

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