segunda-feira, 7 de junho de 2010

Meu bem, meu mal...

eu ficava pensando na crueldade das mulheres e das crianças.

coisa que me deixava intrigado e ao mesmo tempo deslumbrado era ver os meninos pescando gatos na garagem do vizinho. penduravam a vara de pescar com uma sardinha no anzol e o gato logo mordia. e o pior era saber que o gato só iria ser solto no dia seguinte. passava a madrugada inteira se debatendo e sangrando. e geralmente continuava vivo depois que era solto. gatos demoram mesmo a morrer. os mesmos meninos que pescavam gatos, acordavam às cinco da tarde pra lanchar, dormiam encolhidos no sofá, cheiravam à baba de travesseiro e choravam fungando o seio da mãe quando tinham um pesadelo. da mesma forma, a crueldade da mulher parece que sempre vem acompanhada de um brilho d’água. é cafona. eu sei. mas é isso. quem tomava conta do dinheiro de vovô era vovó. quem arrumava os desperdícios mentais de papai era vovó. sempre vovó. quem pedia bem pro mundo era ela. quem pedia mal pra vizinha era ela também. casa limpa é alma inquieta de mulher. casa suja é demonstração do poder que ela tem. mulher cantando é pra fertilidade expandir. mulher chorando é rio secando. o girassol da mércia quando morria rápido, era porque ela queria meu bem. quando durava semanas, era porque ela me engolia. entende? falta sol aqui. o sol já girou faz horas, a noite cai e meus poros estão abertos. e nem fiz minha barba ainda. como mulher que não se depila que entende os desejos-fiapos-negros-loiros-e-afins. homem quando vai ficando velho é criado pela barriga. aos quarenta tem o exame da próstata. nelson gonçalvez colocou prótese. vivia encostando a verga dura em todo mundo. por que não ser “velho, feio, disforme e verrugoso” e ainda continuar sendo (ser)? me diz uma coisa, o piazzola morreu?

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