quarta-feira, 9 de junho de 2010

Metralhadoras e rifles

Tem uma coisa nos homens que me deixa um pouco perplexa que é essa ideia de que nós mulheres estamos sempre com uma metralhadora apontada pra vocês. Há de se desfazer esse ranço, porque isso, além de não levar a lugar algum, provoca estresses desnecessários. Pra trabalhar com exemplos, uma vez vivi um romance desses pós-modernos velocidade máxima com um rapaz e ele, por algum motivo que me escapa à memória, cismou que eu tinha de ser uma espécie de terapeuta dele, ouvindo todos os percalços vividos com a mãe adotiva e com as irmãs de criação que ele odiava até o último pentelho. Nas primeiras vezes, fazendo a bizantina, dei uma atenção de leve e tratei de mudar de assunto, mas, com o passar dos dias, fui vendo que eu estava ali um pouco pra isso e comecei a me irritar. Quando fui falar pra ele como me sentia, ele achou que eu era maluca e sumiu. Depois nós mulheres que somos estranhas e cruéis. Mas não é isso, sabe? É que quando estamos começando a nos envolver com um homem, não queremos muito essa proximidade dos “podres sentimentais de outrora”, queremos mais é chá de pica, massagens nos pés, vinho do porto e uma meia dúzia de gentilezas de almanaque. Depois, se o encaixe for bom e a intimidade estiver estabelecida, dá até pra fazer uma sessãozinha terapêutica, mas, de cara, assim, é complexo.
Tem um tango do Piazzola que meu avô materno (que foi poeta diletante) colocava quando eu era menina que eu amava. Não sei se eu amava o tango ou as tardes com vovô, aquele homem fino, amigo de Vinícius de Moraes, amante das letras e das coisas boas da vida. Lembro dele sempre me dizendo que eu era uma espécie de flor e que flores não podem ficar expostas a qualquer ambiente pois morrem mais rápido. Engraçado como ele falava em metáforas sem eu perceber. Enfim, foi só uma boa lembrança.
O engraçado é que minha bisavó, sogra dele, essa sim era uma mulher que não dava mole pra bandido. Literalmente. Teve uma vez que tentaram invadir a casa e ela sem pestanejar pegou o rifle do bisavô e apontou pros homens que saíram correndo. Depois, dizem que ela passou um café e comeu torradas. A bisa é que era sortuda.

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