quinta-feira, 27 de maio de 2010

A rosa do nome

Astor. meu nome é Astor. meu pai me deu esse nome por causa de um cachorro que ele teve. eu só conheci Astor por fotografia. lá pros meus oito ou nove anos, quando comecei a entender alguma coisa da vida, fiquei por longo tempo a olhar a foto de Astor. Tentava eu entender qual a relação que meu pai estabelecera entre o cão e o seu filho. no caso, o filho, era eu. porque o Astor-cão era como se fosse um pai pro meu pai. mas isso eu só fui entender quando completei vinte e cinco anos. foi quando eu soube por meu pai que um homem a partir dos vinte e cinco anos era finalmente um homem. mas eu só fui entender isso quando cheguei aos trinta e oito. mas voltando ao Astor, o cão. por mais que eu olhasse a cara daquele animal, eu não conseguia estabelecer aquela relação narcísica que geralmente a gente estabelece quando encontramos alguém com o mesmo nome que o nosso. depois de ficar um ano andando com uma foto do cão do meu pai pra cima e pra baixo, eu conheci outro Astor. o Piazzola. mas do Piazzola eu falo depois, porque aí eu já estava namorando uma menina chamada Mércia. A Mércia era cruel. ela acabou comigo. não sei por que, mas as mulheres parecem ficar piores a medida que amam. depois eu explico isso. mas voltando ao cão do meu pai. não. voltando a mim. é, porque Astor cão, Astor eu. a comunicação é cruel, Jupira. mas veja, na verdade o cão nem tanta importância assim. apesar de que Astor, o cão, parecia um anão. não porque ele era pequeno. acho mesmo que ele tinha dentro dele um anão. mas eu volto a essa história depois.

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